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O Boi de Mamão do Seu Cueca:

 

Quem entrava primeiro na apresentação eram o Boi e o Mestre dos Mascarados. O mestre, como um toureiro, provocava o boi e eles brincavam no pátio.

Toda a encenação da brincadeira era dirigida pela cantoria do mestre Cueca, que tirava versos de improviso para apresentar ao público essa história. Os refrões eram repetidos pelo coro de crianças e adolescentes do seu grupo.

Na tradição que Seu Cueca aprendeu na família, não existe morte do boi, como é comumente conhecido nessa manifestação. O boi é que chifra o mestre dos mascarados, esse cai no chão e precisa ser socorrido pela doutora (ou doutor), que dá uma injeção no toureiro. Sem efeito, ela parte para uma ação mítica de colocar fogo em um pouco de pólvora, que estoura entre as pernas do caído. Imediatamente ele está curado da chifrada e volta a brincar.

Em seguida era a hora de Seu Cueca cantar a aparição do Cavalo Meirinho e o Cavaleiro, e de novo, por meio da música, conhecemos qual o posto deles na trama, que além de brincar e girar pelo pátio, tentam laçar o boi para levá-lo embora.

Após o sucesso da laçada, saem de cena o boi e o cavalinho e, então, entra a Bernunça. A figura inspirava o cantador a versar sobre a chegada desse bicho grande e faminto. Ela engolia uma criança do grupo e Seu Cueca mandava chamar a doutora, tudo por meio de sua cantoria. A médica aparecia para fazer o parto, pois a criança engolida tinha se transformado numa Bernuncinha que saía de dentro da mãe. Dispunham-se as duas a brincar no pátio, mas a Bernunça ainda tinha fome, então era a hora de chamar uma criança do público para ser devorada - brincadeira que aumentava ainda mais a interação com os espectadores, despertando curiosidade e festa. Mas não havia com o que se preocupar, ao final da brincadeira a criança voltava inteirinha!

Ainda entrava na brincadeira a Tirolesa. Uma moça, uma boneca gigante que fazia o cantador tirar versos que enalteciam sua beleza, a beleza de suas ‘joias’ e do vestido de chita.

E o ritual de Seu Cueca terminava assim, com todos os bonecos brincando juntos com quem os assistia. Os versos, ainda que variados, cantavam a despedida e esperavam o retorno da brincadeira: “essa é a derradeira, com essa ‘vamo’ encerrar, mas dentro de muito breve o grupo torna a voltar”.

O Boi de mamão é um folguedo. Folguedos são festas populares presentes em diversas regiões do país. Os folguedos, ou brincadeiras de boi são espetáculos de rua e constituem uma espécie de ópera popular, resultante da união de elementos de dança, teatro, música e indumentárias, na qual o boi é a principal figura de representação.

 

Festas e bois são falas, são linguagens. Não são objetos e, na verdade congelados nos museus, sentem-se como condenados à morte. São coisas vivas, modos de sentir, pensar, viver e “festar”.

 

(O Que é Folclore, Carlos Rodrigues Brandão, 1984)

O Boi

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Cavalo   Meirinho

 

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Pau de Fita e outras danças

Tirolesa

Bernunça 

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